quarta-feira, 3 de julho de 2013

Letra Cursiva x Letra Bastão

Letra Cursiva x Letra Bastão


A utilização ou não da letra cursiva na escola ainda é um assunto que gera polêmica. Por apresentar um traçado menos rebuscado que o da letra cursiva e por ser a mais presente fora do ambiente escolar, a letra bastão (ou letra de forma) é a apresentada no início da Alfabetização e a mais trabalhada neste período.
 

Os alunos recebem diariamente uma enxurrada de informações impressas nas formas mais variadas possíveis, como por exemplo: rótulos, embalagens, outdoors, jornais e revistas, desenhos animados e programas de televisão, jogos e eletrônicos e, é claro, sem esquecer da letra cursiva, inevitavelmente apresentada na escola.


Diversidade de formas de letras presentes em embalagens e rótulos.


Ter uma letra cursiva (ou letra de mão) bem desenhada, há algumas décadas, era sinal destatus. Um dos objetivos principais dos professores alfabetizadores naquela ocasião era o treino de uma caligrafia bem desenhada, de uma letra bonita.

Mas ter uma letra bem desenhada é o essencial?

O importante é formarmos leitores proficientes independentemente do texto e da forma de letra que os alunos apresentem, exatamente pela diversidade textual e de comunicação digital presentes nos dias de hoje. Paralelamente à leitura, a escrita necessita ser legível para que o próprio aluno entenda e se faça entender.

A questão primordial é: qual objetivo pretendemos alcançar com a escrita de nossos alunos? Queremos formar escribas somente, treinando horas a fio as linhas curvas de uma letra cursiva em detrimento da imensidão de formas, cores, tamanhos que o mundo oferece, sem oportunizar a troca e criação?


Atenção às cobranças para que não tornem-se desmotivadoras para futuras produções.


A cobrança sobre a produção da letra cursiva, atribuindo juízo de valor se bonita ou feia, utilizando-se do caderno de caligrafia pode tornar-se enfadonho e desestimulante. O traçado das letras revelam  marcas pessoais.

O treino para legibilidade da caligrafia deve encontrar um meio termo e só será conquistado com a prática. O aluno deve produzir um texto sem encontrar no traçado de sua letra um obstáculo. Obviamente que a normatização da Língua e a diferenciação de letras maiúsculas e minúsculas devem ser respeitadas.


Comunicação digital presente na vida dos alunos.


Porém, não se propõe o desuso da letra cursiva, como aconteceu nos Estados Unidos: “o governo do estado de Indiana desobrigou as escolas de utilizarem a letra cursiva” (Veja, 27/07/2012, p.94).

Questões quanto a utilização de letras maiúsculas e minúsculas, por exemplo, ficam mais claras com a utilização da letra “de mão”, assim como a ideia de “palavra” e a necessária segmentação entre as palavras.

As opiniões ainda se encontram divididas. Para a professora e doutora em Educação da Universidade Federal do Paraná (UFPR) Araci Asinelli da Luz: “ A escrita é importante para desenvolver a psicomotricidade fina, fundamental para o desenvolvimento psicomotor. Quanto mais estimulado o cérebro, mais sinapses ele faz, aumentando sua capacidade. E o olhar e o uso das mãos, em especial os polegares, têm grande influência no desenvolvimento das sinapses”.

Por sua vez, o psicólogo e doutorando em Educação pela UFPR Maurício Wisniewski afirma: “mesmo com a diminuição do uso da escrita, as habilidades manuais continuam sendo exercitadas. Outras coisas dependem hoje de manejo tanto quanto escrever a caneta ou lápis. Jogar videogame e escrever em computadores e tablets exige habilidade motora para segurar e tocar a tela” (http://educarparacrescer.abril.com.br/aprendizagem/letra-feia-problema-681106.shtml#).

Quadro descritivo das características das letras cursiva e bastão:

(http://casa-humilde.blogspot.com.br/2012/11/letra-bastao-x-letra-cursiva.html)



Precisamos encontrar um meio-termo sem abdicar dos estímulos propostos pela escrita cursiva, assim como as vantagens apresentadas pelas letras presentes no mundo midiático, objetivando que a criança faça uso social da Língua, lendo e interpretando com autonomia.

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